Sabemos que os centros históricos e suas edificações são construções anteriores ao aparecimento do conceito de acessibilidade espacial. Ao considerar isso, podemos inferir que, nesses locais, a garantia da mobilidade a todos torna-se ainda mais insatisfatória. O que, muitas vezes, não é ponderado, é o fato do poder que essa falta de locomoção pode ter na utilização, tanto da própria população, quanto dos turistas, e, no sentimento de apropriação do espaço da sociedade como uma referência à memória e a identidade de um povo.
A ideia de acessibilidade e mobilidade é voltada para as pessoas e tem como objetivo valorizar o espaço urbano como ambiente de movimentos, encontros, circulação, diversidade e, no caso dos centros históricos, ambiente onde se possa usufruir da história e cultura passadas. Desse modo, os centros históricos devem permitir o acesso à cultura e história que eles representam oferecendo além de acessibilidade, a segurança e a facilidade de deslocamento para o usufruto das pessoas garantindo o direito constitucional que todos tem de acesso à cidade e à cultura.
Além disso, é um grande desafio realizar essas transformações de modo que não descaracterizem o patrimônio cultural ali presente e, ao mesmo tempo, garantam que todos os usuários possam desfrutar do espaço da mesma maneira. Não há uma receita ou uma técnica que se possa seguir para que a acessibilidade seja inclusa em uma área histórica, mas é necessário um estudo aprofundado, levando vários fatores em conta, para que o espaço possa ser revitalizado dando acesso a todas a pessoas. Cada caso deve ser estudado a fim de serem achadas soluções específicas que resolvam os problemas apresentados. Dessa maneira, incorporar acessibilidade ao patrimônio histórico de forma eficaz e com criatividade exige um estudo amplo em cima de especificidades como: contexto histórico, tipologia, materiais, funcionalidade, entorno imediato, usos e também composições estéticas, arquitetônicas e urbanísticas.
Um grande exemplo de uma boa adaptação foi a melhoria da acessibilidade no centro histórico de Vitoria-Gasteiz, em Tabuenca & Leache. A fim de garantir o acesso a uma das construções mais importantes do centro da cidade, foi implementado uma combinação de diferentes componentes de acessibilidade, a exemplo de escadas, rampas e elevadores.
Autores: Eduardo Gomes e Larissa Gazolla.